O albúm de estreia do quarteto australiano San Cisco, promete dar que falar. San Cisco (o album) não é difícil de catalogar, não traz nada de novo, mas a par do que outros já fizeram anteriormente, reinventam e revisitam o indie-rock em todo o seu esplendor. Atreveria-me a dizer que San Cisco (a banda e o album) serão uma versão melhorada e inocente ao mesmo tempo, e mais interessante (claramente) de nomes como Vampire Weekend e Two Door Cinema Club, por nomear alguns. Sem duvida estão talhados para o sucesso, e não vão demorar a tornar-se um fenómeno indie num muito curto espaço de tempo.
As novidades para o noro registo dos Yo La Tengo vão-se sucedendo para nosso (meu) gáudio.
Fade, assim se irá chamar, já tem data de edição marcada para 15 de Janeiro de 2013. Além disso foi também disponibilizado o album cover, e uma nova musica "Before We Run" que se junta assim a "Stupid Things"
"Nude é o nada em que a percepção começa a ser alterada. O despojamento a partir do qual um mundo sensual e emocional se desenvolve – paisagens naturais multi-sensoriais, o subconsciente a memória, a alegria e a liberdade. Nude são os instrumentos orquestrais em extensões sónicas que os fazem adquirir novas formas e percepções distorcidas – movem-se no espaço, tornam-se reflexos, fantasmas, pessoas e lugares perdidos. Nude é a simplicidade e complexidade unificadas. Uma omnipresença de som e imagem combinadas para uma experiência pessoal da audiência."
"Nude é uma viagem icónica através da passagem do tempo."
Esta é a formidável descrição, ou melhor auto descrição do novo trabalho feita pelos prórios The Irreprensibles, trabalho este, que atravessa o universo da musica transversalmente, atingindo fulgor na dança e teatralidade essencialmente ao vivo, num mundo pop lírico, clássico e contemporâneo ao mesmo tempo.
Uma lufada de ar fresco, de cor, um...digamos refundar da própria música, e o seu esplendor total feito arte.
Nude além de toda a extravagância, assenta numa sensibilidade e sentimentalismo avassalador e assombroso, secundado por letras que absorvem o espírito, essencialmente autobiográficas e confessionais. Retrata as relações menos convencionais da nossa sociedade, as relações homossexuais com uma beleza e sensibilidade que não deixará certamente ninguém indiferente.
Absolutamente formidável, e uma das melhores obras de 2012.
Enquanto esperamos por novidades, sabe bem receber tão boas noticias, como o regresso dos Yo La Tengo, em Março do próximo ano, para dois concertos em Portugal.
Um regresso quando nem um ano se cumpre da sua passagem pelo Optimus Primavera Sound. É sempre bom contar por cá com a melhor banda do Mundo :)
Os maiores desde 1984!
Um crepúsculo espectral, ou espectros crepusculares, absorvidos por hinos ao anoitecer. A musica dos Canadianos Evening Hymns, pode ser descrita, fazendo apenas alusão ao nome pelo qual se identifica, assim como o título escolhido para o novo album editado este ano. E a descrição, ou tradução, transportada para o simbolismo patente, de si só, diz muito do que esta escondido em "Spectral Dusk".
Jonas Bonnetta, o nome próprio por detrás deste projecto, que idealizou e pretende transparecer Evening Hymns, como sendo muito mais do que uma obra de um singer-songwriter apenas, percebe e transmite na essência o papel da musica, como entidade orientadora, em tempestades e caminhos cinzentos. Denso, extremamente denso sentimentalmente, e autobiográfico, sem dúvida, mas não por isso menos universal. Morte, amor, desilusão...os temas são exastivamente explorados por outros nomes e por outros formatos, mas poucos com a subtileza, sinceridade, e sensibilidade de Bonetta. Musicalmente, vai mais além do folk, mas bebe sobretudo dessas influências, sabiamente adornadas com elementos menos convencionais, como as soberbas distorções que se deixam mostrar por vezes.
"Spectral Dusk" é uma carta à vida, com a morte a perda e a raiva como cenário. É um documento único, realizado sem filtros...quase absolutamente e absurdamente cru, que arrepia, e que nos envolve neste Outono frio.
Uma obra prima que pode ser apreciada na totalidadeaqui
Normalmente, entre os nomes Angus e Stone, aparecia Julia. Idealmente?Talvez. O facto é que o songwriter australiano aparece, ou reaparece agora sem a companhia da irmã. O nome desperta desde logo uma sensação de ausência, de uma parte que até então era fundamental. A combinação de Angus e Julia sempre foi bem recebida, e continuará a ser. Contudo este seguir de caminhos diferentes já tinha sido iniciado uns anos antes, com o aventurar a solo de Julia, mas que no fim convergem sempre para pontos em comum, e que não só deixam advinhar um regresso as origens no futuro, como se faz desejar.
Isto apesar da beleza, por vezes desconcertante, das composições de Angus não ser suficiente para se guardar num canto especial este Broken Brights. Contudo Angus soará sempre melhor se for precedido de Julia.
Independente de nomes, e de combinações destes e de tudo o que advém, Broken Brights é indubitávelmente um dos pontos mais altos para o indie folk em 2012. O que por si só já é dizer muito. Obrigatório.
14 álbuns em 18 anos dirá muito de uma banda. Mas mais dirá se acrescentarmos que ao longo de toda a carreira se reinventaram e reinventam a cada momento mantendo a qualidade, a emoção e a intensidade dos seus temas, sempre banhados pelo indie folk mas que vão muito mais além, bebendo de outras fontes constantemente.
"Trancendental Youth" sucede a "All Eternal Decks" (2011). O espírito que pende para o sombrio, para o negro, para o bipolar mantém-se e isso é mais do que evidente. A amalgama de sentimentos provocados não esmorece de um album para o outro. Antes pelo contrário, "Trancendental Youth" no seu todo faz mais sentido, como se de um livro se trata-se, no qual todos nos podemos rever, na nossa luta diária com os nossos demónios pessoais, nas derrotas e nas vitórias, na nossa busca e luta contínua.
Em conclusão uma vénia é devida a estes veteranos. Será sempre.