Decorreu no passado dia 31 de Maio, no café "Era Uma Vez Em Paris", na baixa Portuense, a sessão de lançamento da obra literária "A Escuridão Procura Escuridão", da autora Sónia Ferraz da Cunha, sobre o qual já havia escrito aqui.
A pedido da autora, realizei um pequeno discurso na abertura da sessão, o qual transcrevo em parte neste espaço, em jeito também de crítica à obra.
"(...)
(...) O que me traz aqui, a pedido da autora, não é mais do deixar-vos apenas umas palavras. Ao ínicio o tema que deveria expor não era claro. Contudo essa dúvida dissipou-se assim que iniciei a leitura da obra."
(...) Decidi ser a melhor opção debruçar-me sobre a mensagem implícita na trama, do ínicio ao fim, e que funciona como grande espinha dorsal do evoluir da história.
A obra convida desde logo a um exame interior, a um exame aos valores que nos são intrínsecos, e sobre aqueles que culturalmente e insistentemente nos são impostos. Assim cada um , e à sua maneira deverá ser capaz de realizar essa introspecção, e as conclusões serão óbviamente pessoais e subjectivas à experiência e vivência de cada um. As minhas conclusões forma imediatas.
O livro toca por variadas vezes em temas sensíveis e alvos de debate aceso e que assistimos diáriamente. Particularmente no meu caso, o livro converge de imediato para aquilo que depreendo da vida, e de acordo com aquilo que acredito, deveria ou poderia ser regra.
Remete-se ao não convencional, sem desmerecer ou ser pretensioso em momento algum, é súbtil na forma como abraça a causa que defende. Ai identifico-me por completo com aquilo que nos transmite a sua leitura. Leva-nos para zonas perigosas e sensíveis do preconceito, estereotipo, do juízo fácil e efémero.
A meu ver, liberdades pessoais e individuais nunca serão de mais, isso é um facto que ninguém pode, ou deveria negar. Hoje podemos considerar-nos uns privilegiados, contudo um privilégio volátil, pois assistimos a uma sociedade cada vez mais global, que por um lado caminha para uma maior estratificação e futilidade bruta, que ainda a obriga a viver de medos, mas por outro lado assistimos cada vez mais ao respitar e avançar de mais e novas liberdades e justiça, e a isso muito se deve a todo e cada que nela, liberdade, acredita, e ainda mais a quem a partilha da maneira que melhor lhe aprouver. Seja em prosa, seja de outra forma qualquer.
O juízo, a introspecção que referi, e a que somos convidados quando interpostos com estas temáticas, cabe a cada um de nós, mas o juízo deve ser primáriamente interior, e só assim s e tornará desinteressado para o exterior.
A livre escolha, é outra liberdade absoluta que a obra retrata. Ninguém pode escolher por nós.(...) A escolha de resolver os problemas, de os encarar, ou a escolha de adiar a sua resolução. A escolha da verdade sobre a mentira, a escolha da honestidade e de lutar por quilo que acreditamos ser certo, mesmo que não o pareça ser numa primeira análise (...).
Assim, em conclusão. agradeço à autora por transportar tão nobres valores para a sua obra, e a partilhar com o mundo, e com quem do mundo a quiser receber. Agradeço por nos ter apresentado todas as personagem que desfilam pelas páginas, e que nos oferecem tanto. E fianlamente por nos ensinar que sim, é um facto, a escuridão só deverá atrair ainda mais escuridão, mas que se seguirmos o nosso coração, se decidirmos arriscar, no fim na penumbra, sempre encontraremos uma luz que nos irá abraçar.
Nada é mais aborrecido do que o convencional, o estereotipado e o imposto, que o nunca ter sentido receio, medo do desconhecido, medo das opções, receio da mudança. Acredito que nínguem deveria querer viver assim.
(...)
Um bem-haja."